Jornal Correio da Paraíba - Religião - 24 de novembro de 2019
Religião - Paraíba: Domingo, 24 de novembro de 2019 / N1
Papa Francisco: missa não é show, é sacrifício
Papa expressou sua tristeza ao ver tantos celulares erguidos nas celebrações
Papa Francisco: missa não é show, é sacrifício
Papa expressou sua tristeza ao ver tantos celulares erguidos nas celebrações
Papa Francisco falou de improviso em sua catequese semanal para advertir sobre o uso de celulares para tirar fotos e filmar durante as Missas.
O Papa Francisco abordou esse tema durante a catequese dessa quarta-feira (08/11), quando iniciou um ciclo de catequeses sobre a Eucaristia. Para Francisco, é fundamental que os cristãos compreendam bem o valor e o significado da missa, para viver sempre mais plenamente a relação com Deus.
“Não podemos esquecer o grande número de cristãos que, no mundo inteiro, em 2000 anos de história, resistiram até a morte para defender a Eucaristia; e quantos, ainda hoje, arriscam a vida para participar da missa dominical.”
De fato, Jesus diz aos seus discípulos: “Se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. (João 6,53-54)”
O Papa então manifestou o desejo de dedicar as próximas catequeses para responder a algumas perguntas importantes sobre a Eucaristia e a Missa, para redescobrir, ou descobrir, como a fé resplende o amor de Deus através deste mistério.
Francisco citou o Concílio Vaticano II, que promoveu uma adequada renovação da Liturgia para conduzir os cristãos a compreenderem a grandeza da fé e a beleza do encontro com Cristo. Um tema central que os padres conciliares destacaram foi a formação litúrgica dos fiéis, indispensável para uma verdadeira renovação.
“E esta é justamente a finalidade do clico de catequeses que hoje iniciamos: crescer no conhecimento do grande dom que Deus nos doou na Eucaristia.”
A Eucaristia, explicou o Papa, é um acontecimento “maravilhoso”, no qual Jesus Cristo, nossa vida, se faz presente. “Participar da missa é viver outra vez a paixão e a morte redentora do Senhor. É uma teofania: o Senhor se faz presente no altar para ser oferecido ao Pai para a salvação do mundo.
“O Senhor está ali conosco, presente. Mas muitas vezes, nós vamos lá, conversamos enquanto o sacerdote celebra a eucaristia, mas não celebramos com ele. Mas é o Senhor. Se hoje viesse aqui o presidente da República, ou uma pessoa muito importante, certamente todos ficaríamos perto dele para saudá-lo. Quando vamos à missa, ali está o Senhor. Mas estamos distraídos. Mas, padre, as missas são chatas. A missa não, os sacerdotes! Então eles devem se converter.”
O Pontífice fez algumas perguntas às quais pretende responder como, por exemplo: por que se faz o sinal da cruz e o ato penitencial no início da missa? “Vocês já viram como as crianças fazem o sinal da cruz? Não se sabe bem o que é, se é um desenho… É importante ensinar as crianças a fazerem o sinal da cruz, pois assim tem início a missa, a vida, o dia.”
E as leituras, qual o seu significado? Ou por que, a um certo ponto, o sacerdote diz ‘corações ao alto? “Ele não diz celulares ao alto para tirar foto! Não! Fico triste quando celebro e vejo muitos fiéis com os celulares ao alto. Não só os fiéis, mas também sacerdotes e até bispos. A missa não é show nem espetáculo, não é cinema nem teatro, é Calvário, é encontro com Cristo, é ir ao encontro da paixão e ressurreição do Senhor. Lembrem-se: chega de celulares.”
“Através dessas catequeses, concluiu o Papa, gostaria de redescobrir com vocês a beleza que se esconde na celebração eucarística e que, quando desvelada, dá pleno sentido à vida de cada um de nós. Que Nossa Senhora nos acompanhe nesta nova etapa do percurso.”
N2
O que dizer ao padre na hora da Confissão?
Um exame de consciência bem feito vai te ajudar a encontrar a resposta
Nervoso(a), inseguro(a), ansioso(a). Você se sente assim antes de se confessar? Saiba que você não está sozinho. Esses sentimentos são comuns a muitas pessoas. Isso porque o fato de abrir nosso coração a alguém, mesmo que seja seu pároco de confiança ou um padre desconhecido, pode ser uma tarefa desafiadora.
O Padre Cido Pereira escreveu sobre o assunto no Jornal O S. Paulo, da Arquidiocese de São Paulo. Ele respondeu uma dúvida de um leitor, que não sabia o que dizer ao padre na hora da confissão. Confira a explicação do sacerdote:
“Os sete sacramentos da Igreja, sinais sensíveis da graça de Deus para toda a nossa vida, estão divididos em sacramentos da iniciação cristã – o Batismo, a Crisma (ou Confirmação) e a Eucaristia; sacramentos da cura – a Penitência (Reconciliação ou Confissão) e a Unção dos Enfermos (ou Extrema-Unção); e os sacramentos do serviço – a Ordem e o Matrimônio.
É perfeita essa divisão, porque entramos na família de Deus pelo Batismo. Somos confirmados na fé pela Crisma e alimentados pela Eucaristia. Na Penitência, o Senhor cura as feridas que o pecado faz em nossa alma, e a Unção dos Enfermos cura as feridas do nosso corpo. No Matrimônio, homem e mulher são unidos por Deus para servir a humanidade. E a Ordem consagra os escolhidos de Deus para servir, como Jesus, santificando, ensinando e governando o Povo de Deus.
Você tem certa dificuldade com o sacramento da Penitência. Eu penso que se você considerar e seguir um itinerário iluminado pela fé, você vai aproveitar mais a força deste sacramento.
O primeiro passo é a consciência do pecado, a certeza de não ter amado a Deus e aos irmãos e de ter descumprido a Lei que Deus nos ofereceu. Digamos assim: sentimos no coração que dissemos um não consciente a Deus, rejeitando sua vontade a nosso respeito.
O exame de consciência sincero e sem inventar desculpas vai nos mostrar em que nos desviamos do caminho, em que distância nos colocamos de Deus e de sua santa vontade. Os mandamentos do Senhor nos ajudam no exame de consciência.
Descobrir em que pecamos é pouco. Precisamos dar mais um passo. Arrepender-se e decidir voltar para o Pai, como fez o filho pródigo da parábola de Jesus.
Vem, então, a confissão ao sacerdote, ao padre. O pecado não ofendeu só a Deus. Ele nos afastou de Deus e dos irmãos. Nada melhor de que ir ao sacerdote para confessar os pecados. Contar o pecado, sem estender-se na história dele. O padre vai ouvi-lo. Se precisar, vai procurar entender a dimensão e as consequências do pecado e suas consequências na vida cristã.
Enfim, o padre vai pedir que seja feita alguma coisa que demonstre seu desejo de reparar o mal feito, o não dado a Deus.
Por fim, o padre absolve o penitente em nome do Deus uno e Trino. Pronto. Você voltou à casa do Pai, recuperou sua dignidade de filho de Deus. É isso aí, meu querido irmão. Vamos lá! Força! Que Deus o abençoe.”
N3
Posso deixar de ir à Missa na noite de Natal?
Ir à Missa nunca deve ser mera obrigação, mas uma resposta de amor ao Deus que nos amou primeiro
Ceias, revelações de amigo secreto, compra de presentes na última hora, festa em família. São tantos os eventos sociais que acontecem na noite de Natal, que muitos católicos são tentados a se esquecer (ou desistir) do compromisso maior da data: a celebração do nascimento de Jesus, que veio ao mundo para nos salvar.
Mas será que, para nós, é legítimo deixar de ir à igreja na noite de Natal para participar de outras comemorações?
No site A12.com, o Padre Luiz Camilo Júnior fala sobre isso. Veja abaixo o que o sacerdote tem a dizer:
“A Celebração Eucarística é o memorial da presença do Senhor Ressuscitado na vida da comunidade. A Eucaristia é a fonte e o ápice da vida cristã (LC 11). Na última ceia, antes de entregar sua vida no altar da cruz, Jesus quis fazer de si mesmo um dom de amor, se fez alimento no pão e o no vinho, “quem come o meu corpo e bebe o meu sangue, permanece em mim, e eu nele” (Jo 6,56).
Na Missa nos reunimos ao redor da Mesa da Palavra e da Mesa Eucarística para fazer memória desta entrega de Jesus e para que, comungando de sua vida, também possamos participar de sua missão. Na Missa temos a presença sacramental do Senhor, e em torno da pessoa de Jesus nos reunimos em comunidade para também crescer na vivência do amor e na comunhão fraterna.
Toda Missa é celebração do Mistério Pascal de Jesus. Em cada Eucaristia rezamos o mistério da sua cruz, morte e ressurreição. A Missa dominical ocupa um lugar de destaque na vida litúrgica da Igreja, pois o domingo é por excelência a páscoa continuada na vida dos cristãos. O Domingo, dia do Senhor, é o tempo especial da comunidade de fé se reunir para celebrar o mistério da vida de Jesus, que continua acontecendo na vida de todos que creem em sua Palavra e procuram viver o seu mandamento de amor.
Também há datas especiais e importantes no calendário litúrgico, cuja solenidade nos ajuda a rezar melhor o mistério da presença do Cristo Salvador, o Deus que se encarnou e veio morar no meio de nós. A Liturgia, mãe de todas as liturgias, é a Vigília Pascal, onde proclamamos o coração da nossa fé: A Ressurreição de Jesus. Todas as demais celebrações da Igreja continuam o mistério da fé celebrado na Páscoa.
O mistério da encarnação de Jesus também é elemento fundamental da nossa fé Cristã. A Missa do Natal celebra o profundo mistério de amor do Deus que se fez humano para nos tornar divinos. Participar da Missa do Natal nos coloca neste mistério do Deus que tanto nos amou que enviou o seu Filho para nos salvar (Jo 3,16).
Ir à Missa nunca deve ser mera obrigação formal, mas sim uma resposta de amor ao Deus que nos amou primeiro. Ir por aparência não vai significar nada. Devemos redescobrir a importância sagrada da Eucaristia na noite de Natal, em celebrar o Cristo, a Palavra eterna do Pai que se fez carne e que, na Eucaristia, continua se entregando por amor a todos nós. Ir somente por pensar que seja pecado faltar pode tirar a atitude fundamental da gratuidade do amor que deve ser a motivação primeira para buscar o Senhor.
O Natal é a celebração de Jesus que deseja mais uma vez nascer entre nós. Fazer a escolha em não participar da Missa de Natal unicamente por querer viver outra coisa neste dia, tira todo significado que o Natal traz, pois a primeira ceia é com Jesus. O Menino-Deus acolhido no altar é que dará sentido sagrado a ceia em família. Sem acolher verdadeiramente o Cristo, Deus-amor encarnado, nossa ceia de natal poderá ficar apenas no sabor dos pratos. E Natal tem que ser a celebração do amor de Deus que transforma a nossa vida.”
N4
O Natal não é só uma, e sim 5 festas em sequência dentro do seu tempo litúrgico
Dom Henrique nos explica melhor as festas que se aproximam e como elas formam uma unidade em torno a Jesus que nasce feito homem
Dom Henrique Soares da Costa, bispo da diocese brasileira de Palmares, em Pernambuco, postou o texto que a seguir reproduzimos a respeito do profundo e extenso significado do Nascimento de Jesus, celebrado pela Igreja mediante não apenas uma, e sim uma sequência de cinco festas ao longo das próximas semanas, dentro do tempo litúrgico do Natal:
As Festas que se aproximam
O Natal não se resume a um dia nem celebra simplesmente o Nascimento de Jesus, o Salvador. Na verdade, trata-se de um tempo, formado por cinco festas que celebram no rito da Santa Liturgia o mistério da Manifestação do Filho de Deus em nossa natureza humana. Assumindo corpo e alma humanos, entrando no tempo e no mundo, assumindo uma história humana, Filho eterno do Pai manifestou-Se na nossa pobre humanidade para enriquecê-la com a Sua infinita Divindade; Ele veio para nos dar a graça da comunhão, da amizade com Ele – é isto a salvação, a comunhão de Vida divina com o Senhor feito homem por nós! Assim, o tempo do Natal é tempo de celebrar nos divinos mistérios litúrgicos a Manifestação do Senhor entre nós! Cinco festas; ei-las:
1) A Solenidade do Natal do Senhor, no dia 25 de dezembro.
Na pobreza da gruta de Belém contemplaremos como frágil criança Aquele que é o Forte e eterno Deus: “Porque um Menino nos nasceu, um filho nos foi dado, Ele recebeu o poder sobre os Seus ombros e Lhe foi dado este Nome: Conselheiro-maravilhoso, Deus-forte, Pai-eterno, Príncipe-da-Paz” (Is 9,5). Neste Dia santíssimo (que é celebrado durante oito dias), a Igreja dobra os joelhos diante do Salvador, juntamente com Maria Virgem, José e os pastores; a Igreja canta o “Glória a Deus nas alturas” juntamente com os anjos, a Igreja ilumina-se de alegria como o céu da noite santa de Belém.
2) No Domingo entre os dias 25 e 1º de janeiro ou no 31, a Igreja celebra a Festa da Sagrada Família.
O Filho de Deus assumiu em tudo a nossa condição humana: entrou numa família, na vida miudinha de cada dia; Ele veio verdadeiramente viver a nossa aventura. Assim, santificou as famílias de modo especial: “Desceu com eles para Nazaré e era-lhes submisso” (Lc 2,51). Esta festa nos recorda que o mistério da Encarnação não é uma realidade meramente ontológica, isto é, o fazer-Se homem do Filho divino, mas também uma realidade existencial: o Senhor veio viver em tudo a existência humana, a condição humana, menos o pecado, que é desumano…
3) Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus, no dia 1º de janeiro, Oitava do Natal.
“(Os pastores) foram, então, às pressas, e encontraram Maria, José e o Recém-nascido deitado na manjedoura” (Lc 2,16). A Igreja contempla o Menino que nasceu em Belém e Nele reconhece o Deus eterno, reclinado no colo de Maria. Por isso chama-a Mãe de Deus, quer dizer, Mãe do Filho de Deus feito homem! Dando este título à Virgem, a Igreja, desde suas origens, professa sua fé na divindade de Jesus Cristo. O 1º de Janeiro é uma das grandes festas marianas.
4) Solenidade da Epifania do Senhor, no Domingo entre 2 e 8 de janeiro.
É a festa chamada Festa de Reis. Mas, é bem mais que isso: a palavra “epifania” significa “manifestação, revelação, aparição, percepção, pensamento súbito inspirador e iluminado”. Os magos, vindos dos povos pagãos, representam toda a humanidade que vem adorar o Salvador e reconhecê-Lo como a Luz para iluminar as nações. Deus manifesta a Sua salvação a todos os povos: “O Senhor fez conhecer Sua Salvação, revelou Sua Justiça aos olhos das nações. Os confins da terra contemplaram a Salvação do nosso Deus” (Sl 97,2.3). A Solenidade da Epifania é importantíssima: ela nos revela já a salvação de Cristo para todos os povos da terra, simbolizados nos Magos, gentios, que vêm de longe para adorar o Rei nascido.
5) A Festa do Batismo do Senhor, no Domingo após a Epifania.
Com ela termina o tempo do Natal. Jesus, Aquele que veio ser um de nós, Aquele que veio tomar sobre Si as nossas dores, humildemente, entra na fila dos pecadores para receber o batismo de João Batista. O Pai apresenta o Seu Filho: “Este é o Meu Filho amado, em Quem Eu Me comprazo!” (Mt 3,17). Com esta festa encerra-se o ciclo de festas da Manifestação do Senhor. A Igreja agora sabe, experimenta e anuncia ao mundo: “O Verbo Se fez carne e habitou entre nós e nós vimos a Sua glória!” (Jo 1,14).
Que vivamos bem o tempo do Natal que se aproxima, tão rico e santo!
N5
Para entender facilmente o Advento: 2 períodos, 4 semanas
Saiba como se preparar ao máximo para a vinda de Jesus!
Otempo do Advento tem duração de 4 semanas. Ele se encerra na tarde de 24 de dezembro, quando começa o Tempo de Natal. O Advento se divide em dois períodos:
Primeiro Período:
Do primeiro domingo do Advento até 16 de dezembro, a Igreja nos orienta na esperança da vinda gloriosa de Cristo em todos os seus aspectos: sua vinda há dois mil anos, sua vinda agora, a cada dia, e sua vinda no fim dos tempos.
Segundo Período:
Do dia 16 até o dia 24 de dezembro (novena de Natal) somos orientados mais diretamente à preparação para o Natal e convidados a viver com mais alegria, porque já está próximo o cumprimento da promessa salvífica de Deus. Neste período, os Evangelhos nos preparam para o nascimento de Jesus.
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Ao longo desta dupla preparação, a liturgia suprime vários elementos festivos, a fim de expressar que, durante o nosso peregrinar pela terra, falta-nos algo para que a nossa alegria seja completa. A festa acontecerá quando o Senhor se fizer presente no meio do seu povo!
Nessas quatro semanas, cada domingo é um novo marco preparatório para o advento de Jesus.
Primeiro Domingo:
Vigilância na espera do Senhor.
“Vigiai e estai preparados, porque não sabeis a que hora virá o Filho do homem” (Mt 24, 42–44).
“Por que dormis? Levantai-vos e orai, para que não entreis em tentação” (Lc 22,46).
Primeira vela da Coroa do Advento como sinal de vigilância e desejo de conversão.
Segundo Domingo:
Conversão.
“Fazei penitência, porque está próximo o reino dos céus. Preparai os caminhos do Senhor, endireitai as suas veredas” (Mt 3, 2-3).
Reconciliação com Deus
Segunda vela da Coroa do Advento, como sinal do processo de conversão que estamos vivendo.
Terceiro Domingo:
O sim de Maria.
Vínculo providencial com a Festa da Imaculada Conceição: o grande acontecimento da Encarnação do Verbo só se realiza pela disponibilidade da Virgem Maria, cujo sim inaugura a nova humanidade.
“Faça-se em mim segundo a vossa palavra”: meditação sobre o papel que a Virgem Maria desempenhou e devoção a ela mediante o rosário.
Terceira vela da Coroa do Advento, como sinal de esperança gozosa.
Quarto Domingo:
O anúncio do nascimento de Jesus a José e Maria.
“Eis que um anjo do Senhor lhe apareceu em sonho, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber Maria como tua esposa, porque aquele que foi nela concebido é obra do Espírito Santo” (Mt 1,20).
Espera da grande festa, já tão iminente!
Quarta vela da Coroa do Advento.
N6
Respostas para essa e outras dúvidas sobre o tempo de preparação para o Natal
Muitos fiéis têm uma compreensão intuitiva e baseada na experiência do Advento, mas o que dizem os documentos da Igreja sobre este tempo de preparação para o Natal?
Estas são algumas das perguntas e respostas mais comuns acerca do Advento, que neste ano começa no dia 1 de dezembro.
1. Qual é o propósito do Advento?
O Advento é um tempo no calendário litúrgico da Igreja, especificamente, do calendário da Igreja Latina, que é a maior em comunhão com o Papa. Outras igrejas católicas – assim como muitas não católicas – têm a sua própria celebração do Advento.
Segundo as Normas Gerais para o Ano Litúrgico e o calendário, esta festa tem um duplo significado: em primeiro lugar é uma temporada para nos prepararmos para o Natal, quando recordamos a primeira vinda de Cristo; e em segundo lugar, um período que apela diretamente à mente e ao coração para esperar a segunda vinda de Cristo no final dos tempos.
O Advento é, então, um período de espera devota e alegre (Norma 39) que nos recordas as duas vindas de Cristo.
2. Quando começa e termina o Advento?
O primeiro domingo de Advento é o primeiro dia do novo Ano Litúrgico, que neste ano será em 1 de dezembro. Os três domingos de Advento restantes serão os dias 8, 15 e 22 de dezembro. A duração deste tempo de preparação pode variar entre 21 e 28 dias, pois se celebram nos quatro domingos mais próximos à festa do Natal.
3. Por que não se canta nem recita o Glória?
Durante o Advento, não se recita o Glória porque é uma das maneiras de expressar concretamente que, enquanto dura o nosso peregrinar, falta algo para que a alegria seja completa.
Quando o Senhor estiver presente no meio do seu povo, a Igreja terá chegado à sua festa completa, com a Solenidade do Natal do Senhor, quando é cantado novamente o Glória.
O Missal Romano assinala que o Glória é recitado ou cantado aos domingos, exceto nos tempos litúrgicos do Advento e da Quaresma.
As exceções desta regra durante o Advento são a Solenidade da Imaculada Conceição, em 8 de dezembro, e a festa da Virgem de Guadalupe, em 12 de dezembro.
4. Qual é a cor litúrgica deste tempo?
A cor normal do Advento é o roxo. Segundo o numeral 346 da Instrução Geral do Missal Romano (IGMR), “usa-se a cor roxa no Tempo do Advento e da Quaresma. Pode usar-se também nos Ofícios e Missas de defuntos”.
Em muitos lugares, há uma notável exceção para o terceiro domingo do Advento, conhecido como o domingo do Gaudete: “A cor de rosa pode usar-se, onde for costume, nos Domingos Gaudete (III do Advento) e Laetare (IV da Quaresma)” (IGMR, 346).
5. O Advento é um tempo penitencial?
Frequentemente pensamos no Advento como um tempo penitencial, porque a cor litúrgica é o roxo, como na Quaresma. Entretanto, segundo o cânon 1250 do Código de Direito Canônico: “Os dias e tempos de penitência na Igreja universal são todas as sextas-feiras do ano e o tempo da Quaresma”.
Embora as autoridades locais possam estabelecer dias penitenciais adicionais, esta é uma lista completa dos dias e tempos penitenciais da Igreja Latina em seu conjunto e o Advento não é um deles.
6. Como as igrejas são decoradas?
O numeral 305 da Instrução Geral do Missal Romano assinala: “No tempo do Advento ornamente-se o altar com flores com a moderação que convém à índole deste tempo, de modo a não antecipar a plena alegria do Natal do Senhor”.
“A ornamentação com flores deve ser sempre sóbria e, em vez de as pôr sobre a mesa do altar, disponham-se junto dele”.
7. Quais expressões de piedade popular podemos usar neste tempo?
Existem várias expressões de piedade popular que a Igreja reconheceu para serem usadas durante o Advento. Entre elas estão: a Coroa de Advento, procissões, solenidade da Imaculada Conceição em 8 de dezembro, novena de Natal, Presépio etc.
Bônus: Como deve ser a música?
O numeral 305 da Instrução Geral do Missal Romano assinala que no “Advento o uso do órgão e de outros instrumentos musicais deve ser marcado por uma moderação adequada de acordo com este tempo litúrgico do ano, sem expressar com antecipação a alegria plena do Natal do Senhor”.
Porque a Igreja celebra o Domingo da Alegria no Advento?
Alegrai-vos! Alegremo-nos! O Senhor está perto! Está próximo o Natal; está próxima a Vinda do Senhor
Dom Orani João Tempesta*
A tradição litúrgica da Igreja chama o Terceiro Domingo do Advento de Gaudete, o domingo da alegria, porque a antífona de entrada começa com o imperativo: “Alegrai-vos!”, e o texto da segunda leitura também inicia com o “Estai sempre alegres”. Essa antífona de entrada exclama: “Alegrai-vos sempre no Senhor. De novo eu vos digo: alegrai-vos! O Senhor está perto!” (Fl 4, 4.5). Como expressão dessa alegria, pode-se usar, no lugar do roxo, a cor rósea, no tom conhecido como “rosa antigo”. É um roxo suavizado, que exprime a exultação pela aproximação do Santo Natal. Alegrai-vos! Alegremo-nos! O Senhor está perto! Está próximo o Natal; está próxima a Vinda do Senhor; está próximo de nós o Salvador nosso nos diversos momentos de nossa existência! Ele não é Deus de longe; é perto: seu nome será para sempre Emanuel, Deus-conosco!
Muitos procuram a alegria no pecado, em futilidades, e mesmo alegrando-se com coisas que valem a pena, se esquecem de que toda alegria neste mundo é passageira. “Quanto a vós, caríssimos, alegrai-vos com tudo quanto é bom e louvável, mas colocai vossa maior e definitiva alegria no Senhor!” Somente Nele o coração repousa plenamente, somente Nele encontra-se a paz que dura mesmo em meio à tribulação mais dura, somente Nele o anseio mais profundo de nossa alma. Alegrai-vos! Que seja o Senhor o fundamento da vossa alegria, a causa última da vossa exultação!
Caríssimos, eis a causa da nossa alegria! Nós, os cristãos, temos direito de nos alegrar, mesmo diante das dificuldades encontradas no dia a dia; temos o dever de manter a esperança, mesmo quando as possibilidades humanas fracassam; temos a oportunidade de continuar esperando ainda quando os nossos cálculos mostrem-se errados. Porque nossa esperança e certeza não se fundam em nós nem em nossas possibilidades, mas Naquele que vem, Naquele que o Pai do céu nos envia, Naquele que nunca conseguiremos conhecer totalmente, o Santo Messias do Pai, Jesus, nosso Deus-Salvador. Isso nos recorda o Papa Francisco no documento programático “Evangelii Gaudium”.
O cristão leva a alegria dentro de si por que encontra a Deus na sua alma em Graça. Esta é a fonte da sua alegria! Não nos é difícil imaginar a Virgem Maria, nestes dias do Advento, radiante de alegria com o Filho de Deus no seu seio. A alegria do mundo é pobre e passageira. A alegria do cristão é profunda e capaz de subsistir em meio às dificuldades. Daí também a nossa preocupação quando a sociedade atual esvazia o verdadeiro sentido do Natal para se concentrar naquilo que é passageiro. A alegria cristã é compatível com a dor, com a doença, com o fracasso e as contradições. “Eu vos darei uma alegria que ninguém vos poderá tirar” (Jo 16,22), prometeu o Senhor. Nada nem ninguém nos arrebatará essa paz gozosa se não nos separarmos da sua fonte.
O Senhor pede que estejamos sempre alegres! Só Ele é capaz de sustentar tudo na nossa vida. Não há tristeza que Ele não possa curar: “Não temas, mas apenas crê” (Lc 8,50), diz-nos o Senhor. Uma alma triste está à mercê de muitas tentações. Quantos pecados se têm cometido à sombra da tristeza! Por outro lado, quando a alma está alegre, abre-se e é estímulo para os outros; quando está triste obscurece o ambiente e faz mal aos que estão à sua volta. Não nos deixemos roubar a verdadeira alegria!
Resta-nos, então, escutar com atenção o conselho do Apóstolo: estar sempre alegres em Cristo; com os olhos fixos Nele; orar sem cessar, buscando realmente ser amigo íntimo do Senhor, dando graças em todas as circunstâncias, sabendo que Ele está próximo de nós, nunca longe de nossas aflições e desafios. “A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com o Jesus”.
“Convido todo cristão, em qualquer lugar e situação que se encontre, a renovar hoje mesmo o seu encontro pessoal com Jesus Cristo ou, pelo menos, a tomar a decisão de se deixar encontrar por Ele, de procurá-Lo dia a dia sem cessar. Não há motivo para alguém poder pensar que este convite não lhe diz respeito, já que “da alegria trazida pelo Senhor ninguém é excluído” (EG 1 e 3).
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