Matemática - Sistemas Lineares
Sistemas lineares
Equação linear
Equação linear é toda equação da forma:
a1x1 + a2x2+ a3x3 + ... + anxn = b
em que a1, a2, a3, ... , an são números reais, que recebem o nome de coeficientes das incógnitas x1, x2,x3, ... , xn, e b é um número real chamado termo independente (quando b=0, a equação recebe o nome de linear homogênea).
Veja alguns exemplos de equações lineares:
3x - 2y + 4z = 7
-2x + 4z = 3t - y + 4

As equações a seguir não são lineares:
xy - 3z + t = 8
x2- 4y = 3t - 4

Sistema linear
Um conjunto de equações lineares da forma:

Matrizes associadas a um sistema linear
A um sistema linear podemos associar as seguintes matrizes:
- matriz incompleta: a matriz A formada pelos coeficientes das incógnitas do sistema.
Em relação ao sistema:

a matriz incompleta é:

- matriz completa: matriz B que se obtém acrescentando à matriz incompleta uma última coluna formada pelos termos independentes das equações do sistema.
Assim, para o mesmo sistema acima, a matriz completa é:

Sistemas homogêneos
Um sistema é homogêneo quando todos os termos independentes da equações são nulos:

Veja um exemplo:

A n-upla (0, 0, 0,...,0) é sempre solução de um sistema homogêneo com n incógnitas e recebe o nome de solução trivial. Quando existem, as demais soluções são chamadas não-triviais.
Classificação de um sistema quanto ao número de soluções
Resolvendo o sistema
, encontramos uma única solução: o par ordenado (3,5). Assim, dizemos que o sistema é possível (tem solução) e determinado (solução única).

No caso do sistema
, verificamos que os pares ordenados (0,8), (1,7),(2,6),(3,5),(4,4),(5,3),...são algumas de suas infinitas soluções. Por isso, dizemos que o sistema é possível (tem solução) e indeterminado (infinitas soluções).

Para
, verificamos que nenhum par ordenado satisfaz simultaneamente as equações. Portanto, o sistema é impossível (não tem solução).

Resumindo, um sistema linear pode ser:
a) possível e determinado (solução única);
b) possível e indeterminado (infinitas soluções);
c) impossível (não tem solução).
b) possível e indeterminado (infinitas soluções);
c) impossível (não tem solução).
Sistema normal
Um sistema é normal quando tem o mesmo número de equações (m) e de incógnitas (n) e o determinante da matriz incompleta associada ao sistema é diferente de zero. Se m=n e det A
0, então o sistema é normal.

Regra de Cramer
Todo sistema normal tem uma única solução dada por:

em que i
{ 1,2,3,...,n}, D= det A é o determinante da matriz incompleta associada ao sistema, e Dxi é o determinante obtido pela substituição, na matriz incompleta, da coluna i pela coluna formada pelos termos independentes.

Discussão de um sistema linear
Se um sistema linear tem n equações e n incógnitas, ele pode ser:
a) possível e determinado, se D=det A
0; caso em que a solução é única.

Exemplo:

m=n=3

Então, o sistema é possível e determinado, tendo solução única.
b) possível e indeterminado, se D= Dx1 = Dx2 = Dx3 = ... = Dxn= 0, para n=2. Se n
3, essa condição só será válida se não houver equações com coeficientes das incógnitas respectivamente proporcionais e termos independentes não-proporcionais. Um sistema possível e indeterminado apresenta infinitas soluções.

Exemplo:

D=0, Dx =0, Dy=0 e Dz=0
Assim, o sistema é possível e indeterminado, tendo infinitas soluções.
c) impossível, se D=0 e
Dxi
0, 1
i
n; caso em que o sistema não tem solução.




Exemplo:



Como D=0 e Dx
0, o sistema é impossível e não apresenta solução.

Sistemas equivalentes
Dois sistemas são equivalentes quando possuem o mesmo conjunto solução. Por exemplo, dados os sistemas:


verificamos que o par ordenado (x, y) = (1, 2) satisfaz ambos e é único. Logo, S1 e S2 são equivalentes: S1 ~ S2.
Propriedades
a) Trocando de posição as equações de um sistema, obtemos outro sistema equivalente. Por exemplo:


S1 ~ S2
b) Multiplicando uma ou mais equações de um sistema por um número K (K


S1 ~ S2
c) Adicionando a uma das equações de um sistema o produto de outra equação desse mesmo sistema por um número k ( K
IR*), obtemos um sistema equivalente ao anterior.

Por exemplo:
Dado
, substituindo a equação (II) pela soma do produto de (I) por -1 com (II), obtemos:


S1~S2, pois (x,y)=(2,1) é solução de ambos os sistemas.
Sistemas escalonados
Utilizamos a regra de Cramer para discutir e resolver sistemas lineares em que o número de equações (m) é igual ao número de incógnitas (n). Quando m e n são maiores que três, torna-se muito trabalhoso utilizar essa regra. Por isso, usamos a técnica do escalonamento, que facilita a discussão e resolução de quaisquer sistemas lineares.
Dizemos que um sistema, em que existe pelo menos um coeficiente não-nulo em cada equação, está escalonado se o número de coeficientes nulos antes do primeiro coeficiente não nulo aumenta de equação para equação. Para escalonar um sistema adotamos o seguinte procedimento:
a) Fixamos como 1ª equação uma das que possuem o coeficiente da 1ª incógnita diferente de zero.
b) Utilizando as propriedades de sistemas equivalentes, anulamos todos os coeficientes da 1ª incógnita das demais equações.
c) Repetimos o processo com as demais incógnitas, até que o sistema se torne escalonado.
Vamos então aplicar a técnica do escalonamento, considerando dois tipos de sistema:
I. O número de equações é igual ao número de incógnitas (m=n)
Exemplo 1: 

1ºpasso: Anulamos todos os coeficientes da 1ª incógnita a partir da 2ª equação, aplicando as propriedades dos sistemas equivalentes:
|
![]() |
![]() |
2º passo: Anulamos os coeficientes da 2ª incógnita a partir da 3ª equação:
![]() |
Agora o sistema está escalonado e podemos resolvê-lo.
-2z=-6
z=3

Substituindo z=3 em (II):
-7y - 3(3)= -2
-7y - 9 = -2
y=-1


Substituindo z=3 e y=-1 em (I):
x + 2(-1) + 3= 3
x=2

Então, x=2, y=-1 e z=3
Exemplo 2: 

1º passo: Anulamos todos os coeficientes da 1ª incógnita a partir da 2ª equação:
![]() |
![]() |
2º passo: Anulamos os coeficientes da 2ª incógnita, a partir da 3ª equação:
![]() |
Dessa forma, o sistema está escalonando. Como não existe valor real de z tal que 0z=-2, o sistema é impossível.
Sistemas escalonados (continuação)
II) O número de equações é menor que o número de incógnitas (m < n)
Exemplo:

1º passo: Anulamos todos os coeficientes da 1ª incógnita a partir da 2ª equação:
![]() |
![]() |
2º passo: Anulamos os coeficientes da 2ª incógnita, a partir da 3ª equação:
![]() |
O sistema está escalonado. Como m<n, o sistema é possível e indeterminado, admitindo infinitas soluções. A diferença entre o número de incógnitas (n) e o de equações (m) de um sistema nessas condições é chamada grau de indeterminação (GI):
GI= n - m
Para resolver um sistema indeterminado, procedemos do seguinte modo:
![]() |
GI = n-m = 4-3 = 1
|
Como o grau de indeterminação é 1, atribuímos a uma das incógnitas um valor
, supostamente conhecido, e resolvemos o sistema em função desse valor. Sendo t=
, substituindo esse valor na 3ª equação, obtemos:


12z - 6
= 30
12z= 30 + 6

=






Conhecidos z e t, substituímos esses valores na 2ª equação:

Conhecidos z,t e y, substituímos esses valores na 1ª equação:

Assim, a solução do sistema é dada por S=
, com 
IR.



Para cada valor que seja atribuído a
, encontraremos uma quádrupla que é solução para o sistema.

é um sistema linear de m equações e n incógnitas.
A solução de um sistema linear é a n-upla de números reais ordenados (r1, r2, r3,..., rn) que é, simultaneamente, solução de todas as equações do sistema.
Comentários
Postar um comentário