Português - Fonologia (24)
Reticências ( ... )
As reticências marcam uma suspensão da frase, devido, muitas vezes a elementos de natureza emocional. Empregam-se:
- Para indicar continuidade de uma ação ou fato. Por Exemplo:
- O tempo passa...
- Para indicar suspensão ou interrupção do pensamento. Por Exemplo:
- Vim até aqui achando que...
- Para representar, na escrita, hesitações comuns na língua falada.
Exemplos:
"Vamos jantar amanhã?
– Vamos...Não...Pois vamos."
Não quero sobremesa...porque...porque não estou com vontade.
– Vamos...Não...Pois vamos."
Não quero sobremesa...porque...porque não estou com vontade.
- Para realçar uma palavra ou expressão. Por Exemplo:
- Não há motivo para tanto...mistério.
- Para realizar citações incompletas.
Por Exemplo:
- O professor pediu que considerássemos esta passagem do hino brasileiro:
"Deitado eternamente em berço esplêndido...
Por Exemplo:
- "Estou certo, disse ele, piscando o olho, que dentro de um ano a vocação eclesiástica do nosso Bentinho se manifesta clara e decisiva. Há de dar um padre de mão-cheia. Também, se não vier em um ano..." (Machado de Assis)
Saiba que
As reticências e o ponto de exclamação, sinais gráficos subjetivos de grande poder de sugestão e ricos em matizes melódicos, são ótimos auxiliares da linguagem afetiva e poética. Seu uso, porém, é antes arbitrário, pois depende do estado emotivo do escritor. Deve ser evitado em textos informativos, como dissertações argumentativas, reportagens e notícias.
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Parênteses ( ( ) )
Os parênteses têm a função de intercalar no texto qualquer indicação que, embora não pertença propriamente ao discurso, possa esclarecer o assunto. Empregam-se:
- Para separar qualquer indicação de ordem explicativa, comentário ou reflexão.
Por Exemplo:
- Zeugma é uma figura de linguagem que consiste na omissão de um termo (geralmente um verbo) que já apareceu anteriormente na frase.
- Para incluir dados informativos sobre bibliografia (autor, ano de publicação, página etc.)
Por Exemplo:
- " O homem nasceu livre, e em toda parte se encontra sob ferros" (Jean- Jacques Rousseau, Do Contrato Social e outros escritos. São Paulo, Cultrix, 1968.)
Por Exemplo:
- Afirma-se (não se prova) que é muito comum o recebimento de propina para que os carros apreendidos sejam liberados sem o recolhimento das multas.
Por Exemplo:
- Carlos Drummond de Andrade (1902 – 1987).
Por Exemplo:
- Prezado(a) usuário(a).
- Para indicar marcações cênicas numa peça de teatro.
Por Exemplo:
- Abelardo I - Que fim levou o americano?
João - Decerto caiu no copo de uísque!
Abelardo I - Vou salvá-lo. Até já!
(sai pela direita)
(Oswald de Andrade)
Obs.: num texto, havendo necessidade de utilizar alíneas, estas podem ser ordenadas alfabeticamente por letras minúsculas, seguidas de parênteses (Note que neste caso as alíneas (divisão de um tópico), exceto a última, terminam com ponto e vírgula).
Por Exemplo:
No Brasil existem mulheres:
a) morenas;
b) loiras;
c) ruivas.
Este recurso é muito usado em livros didáticos.
Por exemplo:
Existem onze tipos de orações subordinadas adverbiais:
a) Oração subordinada adverbial causal;
b) Oração subordinada adverbial consecutiva;
c) Oração subordinada adverbial condicional;
d) Oração subordinada adverbial concessiva;
e) Oração subordinada adverbial conformativa;
f) Oração subordinada adverbial comparativa;
g) Oração subordinada adverbial final;
h) Oração subordinada adverbial temporal;
i) Oração subordinada adverbial proporcional;
j) Oração subordinada adverbial modal;
k) Oração subordinada adverbial locativa.
Os termos integrantes da oração são:
a) objeto direto;
b) objeto indireto;
c) complemento nominal;
d) agente da passiva.
Os Parênteses e a Pontuação
Veja estas observações:
1) As frases contidas dentro dos parênteses não costumam ser muito longas, mas devem manter pontuação própria, além da pontuação normal do texto.
2) O sinal de pontuação pode ficar interno aos parênteses ou externo, conforme o caso. Fica interno quando há uma frase completa contida nos parênteses.
Exemplos:
- É importante ter atenção ao uso dos parênteses. (Eles exigem um cuidado especial!)
Vamos confiar (Por que não?) que cumpriremos a meta.
Se o enunciado contido entre parênteses não for uma frase completa, o sinal de pontuação ficará externo.
Por Exemplo:
- O rali começou em Lisboa (Portugal) e terminou em Dacar (Senegal).
3) Antes do parêntese não se utilizam sinais de pontuação, exceto o ponto. Quando qualquer sinal de pontuação coincidir com o parêntese de abertura, deve-se optar por colocá-lo após o parêntese de fecho.
Travessão ( – )
O travessão é um traço maior que o hífen e costuma ser empregado:
- No discurso direto, para indicar a fala da personagem ou a mudança de interlocutor nos diálogos.
Por Exemplo:
- – O que é isso, mãe?
– É o seu presente de aniversário, minha filha.
- Para separar expressões ou frases explicativas, intercaladas.
Por Exemplo:
- "E logo me apresentou à mulher, – uma estimável senhora – e à filha." (Machado de Assis)
Por Exemplo:
- "Junto do leito meus poetas dormem
– O Dante, a Bíblia, Shakespeare e Byron –
Na mesa confundidos." (Álvares de Azevedo)
- Para substituir o uso de parênteses, vírgulas e dois-pontos, em alguns casos.
Por Exemplo:
- "Cruel, obscena, egoísta, imoral, indômita, eternamente selvagem, a arte é a superioridade humana – acima dos preceitos que se combatem, acima das religiões que passam, acima da ciência que se corrige; embriaga como a orgia e como o êxtase." (Raul Pompeia)
Aspas ( " " )
As aspas têm como função destacar uma parte do texto. São empregadas:
- Antes e depois de citações ou transcrições textuais.
Por Exemplo:
- Como disse Machado de Assis: "A melhor definição do amor não vale um beijo de moça namorada."
Por Exemplo:
- Camões escreveu "Os Lusíadas" no século XVI.
Obs.: para realçar títulos de livros, revistas, jornais, filmes, etc. além de aspear, também podemos usar itálico ou sublinhar as palavras, conforme o exemplo:
- Ontem assisti ao filme Central do Brasil.
- Para assinalar estrangeirismos, neologismos, gírias, arcaísmos, vulgarismos, expressões populares, ironia e erros gramaticais.
- Exemplos:
- O "lobby" para que se mantenha a autorização de importação de pneus usados no Brasil está cada vez mais descarado.(Veja)
Com a chegada da polícia, os três suspeitos "se mandaram" rapidamente.
Que "maravilha": Felipe tirou zero na prova!
- Para realçar uma palavra ou expressão, conferindo-lhes ênfase ou ironia.
Exemplos:
- Mariana reagiu impulsivamente e lhe deu um "não".
Quem foi o "inteligente" que fez isso?
Obs.: em trechos que já estiverem entre aspas, se necessário usá-las novamente, empregam-se aspas simples.
- Por Exemplo: "Tinha-me lembrado da definição que José Dias dera deles, 'olhos de cigana oblíqua e dissimulada'. Eu não sabia o que era oblíqua, mas dissimulada sabia, e queria ver se podiam chamar assim. Capitu deixou-se fitar e examinar." (Machado de Assis)
Colchetes ( [ ] )
Os colchetes têm emprego semelhante ao dos parênteses; todavia, seu uso se restringe aos escritos de cunho científico, filosófico ou didático. Pode ser empregado:
- Em definições do dicionário, para fazer referência à etimologia da palavra.
Por Exemplo:
- amor- (ô). [Do lat. amore.] 1. Sentimento que predispõe alguém a desejar o bem de outrem, ou de alguma coisa: amor ao próximo; amor ao patrimônio artístico de sua terra. (Novo Dicionário Aurélio)
- Para intercalar palavras ou símbolos não pertencentes ao texto.
Por Exemplo: Em Aruba se fala o espanhol, o inglês, o holandês e o papiamento. Aqui estão algumas palavras de papiamento que você, com certeza, vai usar:
1- Bo ta bon? [Você está bem?]
2- Dios no ta di Brazil. [Deus não é brasileiro.]
- Para inserir comentários e observações em textos já publicados.
Por Exemplo:
- Machado de Assis escreveu muitas cartas a Sílvio Dinarte. [pseudônimo de Visconde de Taunay, autor de "Inocência"]
- Para indicar omissões de partes na transcrição de um texto.
Por Exemplo:
- "É homem de sessenta anos feitos [...] corpo antes cheio que magro, ameno e risonho" (Machado de Assis)
- Esta variedade de parênteses de uso restrito costuma ser usada na matemática, quando os colchetes precedem os parênteses em uma equação.
Asterisco ( * )
O asterisco, sinal gráfico em forma de estrela, costuma ser empregado:
- Nas remissões a notas ou explicações contidas em pé de páginas ou ao final de capítulos.
Por Exemplo:
- Ao analisarmos as palavras sorveteria, sapataria, confeitaria, leiteria e muitas outras que contêm o morfema preso* -aria e seu alomorfe -eria, chegamos à conclusão de que este afixo está ligado a estabelecimento comercial. Em alguns contextos pode indicar atividades, como em: bruxaria, gritaria, patifaria, etc.
* É o morfema que não possui significação autônoma e sempre aparece ligado a outras palavras.
- Nas substituições de nomes próprios não mencionados, e para evitar o uso de palavras e expressões que são consideradas ofensivas.
Por Exemplo:
- O Dr.* conversou durante toda a palestra.
O jornal*** não quis participar da campanha.
Parágrafo ( § )
O símbolo para parágrafo, representado por §, equivale a dois ésses (S) entrelaçados, iniciais das palavras latinas Signum sectionis, que significam sinal de secção, de corte. Num ditado, quando queremos dizer que o período seguinte deve começar em outra linha, falamos parágrafo ou alínea. A palavra alínea (vem do latim a + lines) e significa distanciado da linha, isto é, fora da margem em que começam as linhas do texto.
O uso de parágrafos é muito comum nos códigos de leis.
- § 7º Lei federal disporá sobre as normas gerais a serem obedecidas na efetivação do disposto no § 4º.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
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