Português - Morfologia (10)

Pronomes Possessivos

São palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical (possuidor), acrescentam a ela a ideia de posse de algo (coisa possuída). Por exemplo:
Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1ª pessoa do singular)
Observe o quadro:
NÚMEROPESSOAPRONOME
singularprimeirameu(s), minha(s)
singularsegundateu(s), tua(s)
singularterceiraseu(s), sua(s)
pluralprimeiranosso(s), nossa(s)
pluralsegundavosso(s), vossa(s)
pluralterceiraseu(s), sua(s)
Note que:
Dele(s), dela(s) não é pronome possessivo.
A forma do possessivo depende da pessoa gramatical a que se refere; o gênero e o número concordam com o objeto possuído.Por exemplo:
Ele trouxe seu apoio e sua contribuição naquele momento difícil.
Observações:
1 - A forma seu não é um possessivo quando resultar da alteração fonética do pronome de tratamento senhor, especialmente quando designa nomes de pessoa ou profissão. Por exemplo:
Muito obrigado, seu José.
2 - Os pronomes possessivos nem sempre indicam posse. Podem ter outros empregos, como:
a) indicar afetividade, respeito ou ofensa. Por exemplo:
Não vá embora, meu caro amigo.
Seja breve, minha senhora.
Onde você pensa que vai, sua imbecil?
b) indicar cálculo aproximado.Por exemplo:
João já deve ter seus 40 anos.
c) atribuir valor indefinido ao substantivo. Por exemplo:
Marisa tem lá seus defeitos, mas eu gosto muito dela.
3- Em frases onde se usam pronomes de tratamento, o pronome possessivo fica na 3ª pessoa. Por exemplo:
Vossa Excelência trouxe sua mensagem?
4- Referindo-se a mais de um substantivo, o possessivo concorda com o mais próximo. Por exemplo:
Trouxe-me seus livros e anotações.
5- Em algumas construções, os pronomes pessoais oblíquos átonos assumem valor de possessivo. Por exemplo:
Vou seguir-lhe os passos. (= Vou seguir seus passos.)

6- Em alguns casos, o emprego do possessivo de terceira pessoa pode gerar ambiguidade. Por exemplo:
Ambíguo: Assim que encontrou com Lucas, Patrícia fez comentários sobre seus exames.
Claro: Assim que encontrou com Lucas, Patrícia fez comentários sobre os exames dela. (ou dele, deles, de você, do senhor ou da senhora)
7- Não se devem usar pronomes possessivos diante de partes do corpo, peças de vestuário ou faculdades do espírito, quando se referem ao próprio sujeito. Nesses casos, o uso do artigo já denota posse. A palavra casa, quando significa lar próprio, dispensa o possessivo. Quando se deseja dar ênfase à expressão, emprega-se o possessivo. Por exemplo:
Torci o pé. (e não o meu pé)
A menina rasgou a saia. (e não a sua saia)
Perdemos a razão. (e não a nossa razão)
Tu estás em casa? (e não em tua casa)
Mas: Em minha casa ninguém vai cantar de galo. (uso enfático)
8- Em algumas situações, dependendo da posição do possessivo, se anteposto ou posposto ao substantivo, há mudanças no significado da frase. Por exemplo:
Recebi informações suas. (informações transmitidas por você)
Recebi suas informações. (informações sobre você)

Pronomes Demonstrativos

 Os pronomes demonstrativos são utilizados para explicitar a posição de uma certa palavra em relação a outras ou ao contexto. Essa relação pode ocorrer em termos de espaço, tempo ou discurso.
Função espacial:
Compro este carro (aqui).
O pronome este indica que o carro está perto da pessoa que fala.
Compro esse carro (aí).
O pronome esse indica que o carro está perto da pessoa com quem falo, ou afastado da pessoa que fala.
Compro aquele carro (lá).
O pronome aquele diz que o carro está afastado da pessoa que fala e daquela com quem falo.
Atenção: em situações de fala direta (tanto ao vivo quanto por meio de correspondência, que é uma modalidade escrita de fala), são particularmente importantes o este e o esse - o primeiro localiza os seres em relação ao emissor; o segundo, em relação ao destinatário. Trocá-los pode causar ambiguidade.

Exemplos:
Dirijo-me a essa universidade com o objetivo de solicitar informações sobre o concurso vestibular. (trata-se da universidade destinatária).
Reafirmamos a disposição desta universidade em participar no próximo Encontro de Jovens. (trata-se da universidade que envia a mensagem).
Função temporal:
Este ano está sendo bom para nós. O pronome este refere-se ao ano presente.
Esse ano que passou foi razoável. / Esse ano que se segue será excelente. O pronome esse refere-se a um passado próximo ou a um futuro.
Aquele ano foi terrível para todos. O pronome aquele está se referindo a um passado distante.
Função referencial - quando se redige um texto:
Minha tese é esta: justiça é fundamental. O pronome este indica catáfora, ou seja, refere-se a algo que será citado no texto, logo, é elemento catafórico.
Justiça é fundamental, essa é minha tese. O pronome esse indica anáfora, ou seja, refere-se a algo que já foi citado no texto, logo, é elemento anafórico.
Função distributiva - em um período ou parágrafo:
Matemática e Literatura me agradam; esta me desenvolve a sensibilidade; aquela, o raciocínio. O pronome aquele retoma o primeiro termo citado, e o pronome este, retoma o último termo citado.
Na retomada de três ou mais referentes, recomenda-se o uso de numerais: o primeiro, o segundo, o terceiro.
- Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis ou invariáveis, observe:
Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s), aquela(s).
Invariáveis: isto, isso, aquilo.
- Também aparecem como pronomes demonstrativos:
o (s), a (s)quando estiverem antecedendo o que e puderem ser substituídos por aquele(s), aquela(s), aquilo. Por exemplo:
Não ouvi o que disseste. (Não ouvi aquilo que disseste.)
Essa rua não é a que te indiquei. (Esta rua não é aquela que te indiquei.)

Antes da preposição de, Bechara e Celso Pedro Luft consideram que o, a, os, as são artigos definidos diante de um substantivo implícito, quando se pode subentender um substantivo.
mesmo (s), mesma (s):
Por exemplo:
O delegado chamou a mesma testemunha.
próprio (s), própria (s):
Por exemplo:
O próprio partido escolherá os candidatos.
semelhante (s):
Por exemplo:
Não aceito semelhante resposta.
tal, tais:
Por exemplo:
Não admitirei tal comportamento.

Pronomes Demonstrativos (continuação)

Note que:
a) Não raro os demonstrativos aparecem na frase, em construções redundantes, com finalidade expressiva, para salientar algum termo anterior. Por exemplo:
Manuela, essa é que dera em cheio casando com o José Afonso. Desfrutar das belezas brasileiras, isso é que é sorte!
b) O pronome demonstrativo neutro o pode representar um termo ou o conteúdo de uma oração inteira, caso em que aparece, geralmente, como objeto direto, predicativo ou aposto. Por exemplo:
O casamento seria um desastre. Todos o pressentiam.
c) Para evitar  a repetição de um verbo anteriormente expresso, é comum empregar-se, em tais casos, o verbo fazer, chamado, então, verbo vicário (= que substitui, que faz as vezes de). Por exemplo:
Ninguém teve coragem de falar antes que ela o fizesse.
Diz-se corretamente:
Não sei que fazer. Ou: Não sei o que fazer.
Mas:
Tenho muito que fazer. (E não: Tenho muito o que fazer.)
d) Em frases como a seguinte, este refere-se à pessoa mencionada em último lugar, aquele à mencionada em primeiro lugar. Por exemplo:
O referido deputado e o Dr. Alcides eram amigos íntimos: aquele casado, solteiro este. [ou então: este solteiro, aquele casado.]
e) O pronome demonstrativo tal pode ter conotação irônica. Por exemplo:
A menina foi a tal que ameaçou o professor?
f) Pode ocorrer a contração das preposições a, de, em com pronome demonstrativo: àquele, àquela, àquilo, deste, desta, desse, dessa, disto, disso, daquele, daquela, daquilo, neste, nesta, nesse, nessa, nisto, nisso, naquele, naquela, naquilo, no, etc. Por exemplo:
Não acreditei no que estava vendo. (no = naquilo)

g) As formas femininas esta e essa fixaram-se em construções elípticas do tipo:

Ora essa!
Essa é boa!
Essa, não!
Essa cá me fica!
Mais esta!...
Esta é fina!

h) Além de situar o objeto em relação às pessoas do discurso, os pronomes demonstrativos podem expressar diferentes valores semânticos:

Espanto, surpresa:
Mais essa agora!

Admiração, apreço:
Será que existem homens com aquela coragem?

Indignação:
Foi isto, foi aquela praga daquele maldito.

Comiseração, pena:
Aquela mulher era agora aquilo.

Ironia, malícia:
Este Brás, não lhes digo nada!

Sarcasmo, desprezo:
Depois transformaram a senhora nisso, um trapo, uma velha sem-vergonha.

i) Os pronomes demonstrativos podem ser reforçados com advérbios: aqui, aí, ali, lá, cá, acolá ou com as palavras mesmo e próprio

j) Nisto pode ser usado como advérbio, significando então ou nesse momento
Nisto, ela entrou triunfante.

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