Português - Sintaxe (5)
Período composto
Coordenação e subordinação
Quando um período é simples, a oração de que é constituído recebe o nome de oração absoluta. Por exemplo:
A menina comprou chocolate.
Quando um período é composto, ele pode apresentar os seguintes esquemas de formação:
a) Composto por Coordenação: ocorre quando é constituído apenas de orações independentes, coordenadas entre si, mas sem nenhuma dependência sintática.
Por Exemplo: Saímos de manhã e voltamos à noite.
b) Composto por Subordinação: ocorre quando é constituído de um conjunto de pelo menos duas orações, em que uma delas (Subordinada) depende sintaticamente da outra (Principal).
Por Exemplo:
Não fui à aula | porque estava doente. |
Oração Principal | Oração Subordinada |
c) Misto: quando é constituído de orações coordenadas e subordinadas.
Por Exemplo:
Fui à escola | e busquei minha irmã | que estava esperando. |
Oração Coordenada | Oração Coordenada | Oração Subordinada |
Obs.: qualquer oração (coordenada ou subordinada) será ao mesmo tempo principal, se houver outra que dela dependa.
Por Exemplo:
Fui ao mercado | e comprei os produtos | que estavam faltando. |
Oração Coordenada (1) | Oração Coordenada (2) (Com relação à 1ª.) e Oração Principal (Com relação à 3ª.) | Oração Subordinada (3) |
Período composto por coordenação
As luzes apagam-se, abrem-se as cortinas e começa o espetáculo.
O período é composto de três orações:
As luzes apagam-se;
abrem-se as cortinas;
e começa o espetáculo.
abrem-se as cortinas;
e começa o espetáculo.
As orações, no entanto, não mantêm entre si dependência gramatical, são independentes. Existe entre elas, evidentemente, uma relação de sentido, mas do ponto de vista sintático, uma não depende da outra. A essas orações independentes, dá-se o nome de orações coordenadas, que podem ser assindéticas ou sindéticas.
A conexão entre as duas primeiras é feita exclusivamente por uma pausa, representada na escrita por uma vírgula. Entre a segunda e a terceira, é feita pelo uso da conjunção "e". As orações coordenadas que se ligam umas às outras apenas por uma pausa, sem conjunção, são chamadas assindéticas. É o caso de "As luzes apagam-se" e "abrem-se as cortinas".
As orações coordenadas introduzidas por uma conjunção são chamadas sindéticas. No exemplo acima, a oração "e começa o espetáculo" é coordenada sindética, pois é introduzida pela conjunção coordenativa "e".
Obs.: a classificação de uma oração coordenada leva em conta fundamentalmente o aspecto lógico-semântico da relação que se estabelece entre as orações.
Classificação das orações coordenadas sindéticas
De acordo com o tipo de conjunção que as introduz, as orações coordenadas sindéticas podem ser: aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas ou explicativas.
a) Aditivas
Expressam ideia de adição, acrescentamento. Normalmente indicam fatos, acontecimentos ou pensamentos dispostos em sequência. As conjunções coordenativas aditivas típicas são "e" e "nem" (= e + não). Introduzem as orações coordenadas sindéticas aditivas. Também são aditivas as conjunções tampouco, ademais, outrossim e mais (em linguagem matemática ou como regionalismo) e a locução conjuntiva além disso.
Por Exemplo:
Discutimos várias propostas e analisamos possíveis soluções.
As orações sindéticas aditivas podem também estar ligadas pelas locuções não só... mas (também), tanto...como, e semelhantes. Essas estruturas costumam ser usadas quando se pretende enfatizar o conteúdo da segunda oração. Veja:
Chico Buarque não só canta, mas também (ou como também) compõe muito bem.
Não só provocaram graves problemas, mas (também) abandonaram os projetos de reestruturação social do país.
Obs.: como a conjunção "nem" tem o valor da expressão "e não", condena-se na língua culta a forma "e nem" para introduzir orações aditivas, por se tratar de um pleonasmo vicioso.
Por Exemplo:
Não discutimos várias propostas, nem (= e não) analisamos quaisquer soluções.
b) Adversativas
Exprimem fatos ou conceitos que se opõem ao que se declara na oração coordenada anterior, estabelecendo contraste ou compensação. "Mas" é a conjunção adversativa típica. Além dela, empregam-se: porém, contudo, todavia, entretanto, senão (= mas sim) e as locuções no entanto, não obstante, nada obstante. Introduzem as orações coordenadas sindéticas adversativas.
Veja os exemplos:
"O amor é difícil, mas pode luzir em qualquer ponto da cidade." (Ferreira Gullar)
O país é extremamente rico; o povo, porém, vive em profunda miséria.
Tens razão, contudo controle-se.
Renata gostava de cantar, todavia não agradava.
O time jogou muito bem, entretanto não conseguiu a vitória.
O país é extremamente rico; o povo, porém, vive em profunda miséria.
Tens razão, contudo controle-se.
Renata gostava de cantar, todavia não agradava.
O time jogou muito bem, entretanto não conseguiu a vitória.
Saiba que:
- Algumas vezes, a adversidade pode ser introduzida pela conjunção "e". Isso ocorre normalmente em orações coordenadas que possuem sujeitos diferentes. O 'e' com valor adversativo é uma conjunção adversativa, segundo 99% dos gramáticos e das bancas de concurso. Em opinião minoritária, Bechara e Celso Cunha consideram que o 'e' pode apresentar vários valores semânticos a depender do contexto, para eles, é uma mera conjunção aditiva, independentemente do valor semântico.
Por Exemplo: Deus cura, e o médico manda a conta.
Nesse ditado popular, é clara a intenção de se criar um contraste. Observe que equivale a uma frase do tipo: "Quem cura é Deus, mas é o médico quem cobra a conta!"
- A conjunção "mas" pode aparecer com valor aditivo.
Por Exemplo: Camila era uma menina estudiosa, mas principalmente esperta.
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Classificação das orações coordenadas sindéticas (continuação)
c) Alternativas
Expressam ideia de alternância de fatos ou escolha. Normalmente é usada a conjunção "ou". Além dela, empregam-se também os pares: ora... ora, já... já, quer... quer, seja... seja, talvez... talvez, etc. Introduzem as orações coordenadas sindéticas alternativas.
Exemplos:
Diga agora ou cale-se para sempre.
Ora age com calma, ora trata a todos com muita aspereza.
Estarei lá, quer você permita, quer você não permita.
Ora age com calma, ora trata a todos com muita aspereza.
Estarei lá, quer você permita, quer você não permita.
Obs.: nesse último caso, o par "quer...quer" está coordenando entre si duas orações que, na verdade, expressam concessão em relação a "Estarei lá". É como disséssemos: "Embora você não permita, estarei lá".
Apenas a conjunção ou pode ser usada isoladamente, fazendo com que a primeira oração seja assindética. As demais são usadas aos pares, fazendo com que as duas orações sejam sindéticas. Apenas em comédias e na fala dos deputados são corretas construções como ''vou votar, seja para presidente ou para vereador''. Não se misturam conjunções alternativas diferentes. É necessário manter o paralelismo, repetindo a conjunção.
Apenas a conjunção ou pode ser usada isoladamente, fazendo com que a primeira oração seja assindética. As demais são usadas aos pares, fazendo com que as duas orações sejam sindéticas. Apenas em comédias e na fala dos deputados são corretas construções como ''vou votar, seja para presidente ou para vereador''. Não se misturam conjunções alternativas diferentes. É necessário manter o paralelismo, repetindo a conjunção.
d) Conclusivas
Exprimem conclusão ou consequência referentes à oração anterior. As conjunções típicas são: logo, portanto e pois (posposto ao verbo). Usa-se ainda: então, assim, por isso, por conseguinte, de modo que, em vista disso, assim, por fim, enfim, destarte, dessarte, conseguintemente, consequentemente, por consequência, de forma que, de sorte que, de maneira que, etc. Introduzem as orações coordenadas sindéticas conclusivas.
Exemplos:
Não tenho dinheiro, portanto não posso pagar.
A situação econômica é delicada; devemos, pois, agir cuidadosamente.
O time venceu, por isso está classificado.
Aquela substância é toxica, logo deve ser manuseada cautelosamente.
A situação econômica é delicada; devemos, pois, agir cuidadosamente.
O time venceu, por isso está classificado.
Aquela substância é toxica, logo deve ser manuseada cautelosamente.
e) Explicativas
Indicam uma justificativa ou uma explicação referente ao fato expresso na declaração anterior. As conjunções que merecem destaque são: que, porque, porquanto e pois (obrigatoriamente anteposto ao verbo). Introduzem as orações coordenadas sindéticas explicativas.
Exemplos:
Vou embora, que cansei de esperá-lo.
Vinícius devia estar cansado, porque estudou o dia inteiro.
Cumprimente-o, pois hoje é o seu aniversário.
Vinícius devia estar cansado, porque estudou o dia inteiro.
Cumprimente-o, pois hoje é o seu aniversário.
Atenção:
Cuidado para não confundir as orações coordenadas explicativas com as subordinadas adverbiais causais. Observe a diferença entre elas:
- Orações Coordenadas Explicativas: caracterizam-se por fornecer um motivo, explicando a oração anterior.
Por Exemplo:
A criança devia estar doente, porque chorava muito. (O choro da criança não poderia ser a causa de sua doença.)
- Orações Subordinadas Adverbiais Causais: exprimem a causa do fato.
Por Exemplo:
Henrique está triste porque perdeu seu emprego. (A perda do emprego é a causa da tristeza de Henrique.)
Note-se também que há pausa (vírgula, na escrita) entre a oração explicativa e a precedente e que esta é, muitas vezes, imperativa, o que não acontece com a oração adverbial causal.
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