Português - Sintaxe (7)

Orações Subordinadas Adjetivas

Uma oração subordinada adjetiva é aquela que possui valor e função de adjetivo, ou seja, que a ele equivale.
As orações vêm introduzidas por pronome relativo e exercem a função de adjunto adnominal do antecedente.
Observe o exemplo:
Esta foi uma redação          bem-sucedida.
Adjetivo (Adjunto Adnominal)
Note que  o substantivo redação foi caracterizado pelo adjetivo bem-sucedida. Nesse caso, é possível formarmos outra construção, a qual exerce exatamente o mesmo papel. Veja:
Esta foi uma redação          que fez sucesso.
Oração Subordinada Adjetiva
Perceba que a conexão entre a oração subordinada adjetiva e o termo da oração principal que ela modifica é feita pelo pronome relativo que. Além de conectar (ou relacionar) duas orações, o pronome relativo desempenha uma função sintática na oração subordinada: ocupa o papel que seria exercido pelo termo que o antecede.
Obs.: para que dois períodos se unam num período composto, altera-se  o modo verbal da segunda oração.
Atenção:
Vale lembrar um recurso didático para reconhecer o pronome relativo queele sempre pode ser substituído por: o qual - a qual - os quais - as quais, junto ou não de preposição. O uso desse artifício é impossível com o pronome cujo e suas flexões, que são sempre pronomes relativos.
Por Exemplo: Refiro-me ao aluno que é estudioso.
Essa oração  é equivalente a:
Refiro-me ao aluno o qual estuda.
Forma das Orações Subordinadas Adjetivas
Quando são introduzidas por um pronome relativo e apresentam verbo no modo indicativo, subjuntivo ou imperativo, as orações subordinadas adjetivas são chamadas desenvolvidas. Além delas, existem as orações subordinadas adjetivas reduzidas, que não são introduzidas por pronome relativo (podem ser introduzidas por preposição) e apresentam o verbo numa das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou particípio).
Por Exemplo:
Ele foi o primeiro aluno que se apresentou.
Ele foi o primeiro aluno a se apresentar.
No primeiro período, há uma oração subordinada adjetiva desenvolvida, já que é introduzida pelo pronome relativo "que" e apresenta verbo conjugado no pretérito perfeito do indicativo. No segundo, há uma oração subordinada adjetiva reduzida de infinitivo: não há pronome relativo e seu verbo está no infinitivo.

Classificação das Orações Subordinadas Adjetivas

Na relação que estabelecem com o termo que caracterizam, as orações subordinadas adjetivas podem atuar de duas maneiras diferentes.
Há aquelas que restringem, delimitam, particularizam ou especificam, determinam o sentido do termo a que se referem, individualizando-o. Nessas orações não há marcação de pausa, sendo chamadas subordinadas adjetivas restritivas. Ligam-se diretamente ao antecedente.
Existem também orações que realçam um detalhe ou amplificam, generalizam, universalizam dados sobre o antecedente, que já se encontra suficientemente definido, as quais denominam-se subordinadas adjetivas explicativas. Aparecem entre vírgulas, travessões ou parênteses.
Exemplo 1:
Jamais teria chegado aqui, não fosse a gentileza de um homem que passava naquele momento.
      Oração Subordinada Adjetiva Restritiva
Nesse período, observe que a oração em destaque restringe e particulariza o sentido da palavra "homem": trata-se de um homem específico, único. A oração limita o universo de homens, isto é, não se refere a todos os homens, mas sim àquele que estava passando naquele momento.
Exemplo 2:

O homem, que se considera racional, muitas vezes age animalescamente.
      Oração Subordinada Adjetiva Explicativa
Nesse período, a oração em destaque não tem sentido restritivo em relação à palavra "homem": na verdade, essa oração apenas explicita uma ideia que já sabemos estar contida no conceito de "homem".
Saiba que:
   A oração subordinada adjetiva explicativa é separada da oração principal por uma pausa, que, na escrita, é representada pela vírgula. É comum, por isso, que a pontuação seja indicada como forma de diferenciar as orações explicativas das restritivas: de fato, as explicativas vêm sempre isoladas por vírgulas, travessões ou parênteses; as restritivas, não.
Obs.: ao redigir um período escrito por outrem, é necessário levar em conta as diferenças de significado que as orações restritivas e as explicativas implicam. Em muitos casos, a oração subordinada adjetiva será explicativa ou restritiva de acordo com o que se pretende dizer.
Exemplo 1: Mandei um telegrama para meu irmão que mora em Roma.
No período acima, podemos afirmar com segurança que a pessoa que fala ou escreve tem, no mínimo, dois irmãos, um que mora em Roma e um que mora em outro lugar. A palavra "irmão", no caso, precisa ter seu sentido limitado, ou seja, é preciso restringir seu universo. Para isso, usa-se uma oração subordinada adjetiva restritiva. 
Exemplo 2: Mandei um telegrama para meu irmão, que mora em Roma.
Nesse período, é possível afirmar com segurança que a pessoa que fala ou escreve tem apenas um irmão, o qual mora em Roma. A informação de que o irmão more em Roma não é uma particularidade, ou seja, não é um elemento identificador, diferenciador, e sim um detalhe que se quer realçar.
Observações:
As orações subordinadas adjetivas podem:
a) Vir coordenadas entre si;
Por Exemplo: É uma realidade que degrada e assusta a sociedade.
e = conjunção
b) Ter um pronome como antecedente.
Por Exemplo: Não sei o que vou almoçar.
o = antecedente
que vou almoçar = Oração Subordinada Adjetiva Restritiva

Emprego e Função dos Pronomes Relativos

O estudo das orações subordinadas adjetivas está profundamente ligado ao emprego dos pronomes relativos. Por isso, vamos aprofundar nosso conhecimento acerca desses pronomes.

Pronome Relativo QUE

O pronome relativo "que" é chamado relativo universal, pois seu emprego é extremamente amplo. Esse pronome pode ser usado para substituir pessoa ou coisa, que estejam no singular ou no plural. Sintaticamente, o relativo "que" pode desempenhar várias funções:
Eis os artistas que representarão o nosso país.
Substituindo o pronome pelo antecedente, temos:
  • Eis os artistas.
  • Os artistas (= que) representarão o nosso país.
                     Sujeito
Trouxe o documento que você pediu.
Substituindo o pronome pelo antecedente, temos:
  • Trouxe o documento
  • Você pediu o documento (= que)
                                       Objeto Direto
Eis o caderno de que preciso.
Substituindo o pronome pelo antecedente, temos:
  • Eis o caderno.
  • Preciso do caderno (= de que)
                                      Objeto Indireto
Estas são as informações de que ele tem necessidade.
Substituindo o pronome pelo antecedente, temos:
  • Estas são as informações.
  • Ele tem necessidade das informações (= de que)
                                  Complemento nominal
Você é o professor que muitos querem ser.
Substituindo o pronome pelo antecedente, temos:
  • Você é o professor.
  • Muitos querem ser o professor (= que)
                                                 Predicativo do Sujeito
Este é o animal por que fui atacado.
Substituindo o pronome pelo antecedente, temos:
  • Este é o animal.
  • Fui atacado pelo animal (= por que)
                                    Agente da Passiva
O acidente ocorreu no dia em que eles chegaram. (adjunto adverbial de tempo).
Substituindo o pronome pelo antecedente, temos:
  • O acidente ocorreu no dia
  • Eles chegaram no dia. (= em que)
                                Adjunto Adverbial de Tempo
Observação:  Pelos exemplos citados, percebe-se que o pronome relativo deve ser precedido de preposição apropriada de acordo com a   função que exerce. Na língua escrita formal, é sempre recomendável esse cuidado.

Pronome Relativo QUEM

O pronome relativo "quem" é chamado de relativo personativopois se refere a pessoas ou coisas personificadas, no singular ou no plural. É sempre precedido de preposição, podendo exercer diversas funções sintáticas. Observe os exemplos:
Clarice, a quem admiro muito, influenciou-me profundamente.
Este é o jogador a quem me refiro sempre.
Este é o jogador a quem sempre faço referência.
O médico por quem fomos assistidos é um dos mais renomados especialistas.
A mulher com quem ele mora é grega.

Pronome Relativo CUJO (s), CUJA (s)

"Cujo" e sua flexões equivalem a "de que", "do qual(ou suas flexões "da qual", "dos quais", "das quais"), "de quem". É chamado de relativo possessivo.
Estabelecem normalmente relação de posse entre o antecedente e o termo que especificam, atuando na maior parte das vezes como adjunto adnominal e eventualmente como complemento nominal. Veja:
a) Adjunto Adnominal:
Não consigo conviver com pessoas cujas aspirações sejam essencialmente materiais. (Não consigo conviver com pessoas / As aspirações dessas pessoas são essencialmente materiais).
b) Complemento Nominal:
O livro, cuja leitura agradou muito aos alunos, trata dos tristes anos da ditadura. (cuja leitura = a leitura do livro)
Atenção:
Não utilize artigo definido depois do pronome cujo. É um uso errado e redundante, porque o próprio pronome já sofre as flexões de gênero e número. São erradas construções como:
"A mulher cuja a casa foi invadida..." ou "O garoto, cujo o tio é professor..."
Forma correta:  "cuja casa" ou "cujo tio".

Pronome Relativo O QUAL, OS QUAIS, A QUAL, AS QUAIS

"O qual"," a qual"," os quais" "as quais" são usados com referência a pessoa ou coisa.
Desempenham as mesmas funções que o pronome "que"; seu uso, entretanto, é bem menos frequente e tem se limitado aos casos em que é necessário para evitar ambiguidade, e quando ele antecede as preposições sem e sob, e preposições com mais de uma sílaba e locuções prepositivas.
Por Exemplo:
Existem dias e noites, às quais se dedica o repouso e a intimidade.
O uso de às quais permite deixar claro que nos estamos referindo apenas às noites. Se usássemos a que, não poderíamos impor essa restrição. Observe esses dois exemplos:
Conhecemos uma das irmãs de Pedro, a qual trabalha na Alemanha.
Nesse caso, o relativo a qual também evita ambiguidade. Se fosse usado o relativo que, não seria possível determinar quem trabalha na Alemanha.
Não deixo de cuidar da grama, sobre a qual às vezes gosto de um bom cochilo.
A preposição sobre, dissilábica, tende a exigir o relativo sob as formas " o / a qual", "os / as quais"rejeitando a forma "que".

Pronome Relativo ONDE

O pronome relativo "onde" aparece apenas no período composto, para substituir um termo da oração principal numa oração subordinada.
Por essa razão, em um período como "Onde você nasceu?", por exemplo, é impossível pensar em pronome relativo: o período não é composto, e sim simples, e nesse caso, "onde" é advérbio interrogativo.
Na língua culta, escrita ou falada, "onde" deve ser limitado aos casos em que há indicação de lugar físico, virtual ou figurado. Por isso, é chamado de relativo locativo. Quando não houver essa indicação, deve-se preferir o uso de em queno qual (e suas flexões na qual, nos quais, nas quais) e nos casos da ideia de causa / efeito ou de conclusão, portanto.
Por Exemplo:
Quero uma cidade tranquila, onde possa passar alguns dias em paz.
Vivemos uma época muito difícil, em que (na qual) a violência gratuita impera.

Pronome Relativo QUANTO, COMO, QUANDO

a) Quanto, quantos e quantas: são pronomes relativos que seguem os pronomes indefinidos "tudo", "tantos", "tantas", "todos" ou "todas". Atuam principalmente como sujeito e objeto direto. Indica quantidade, por isso é chamado de relativo quantitativo.
Acompanhe os exemplos:
Tente examinar todos quantos comparecerem ao consultório. (Sujeito)
Comeu tudo quanto queria. (Objeto Direto)
b) Como e quando: exprimem noções de modo e tempo, respectivamente. Atuam, portanto, como adjuntos adverbiais de modo e de tempo. Como é denominado relativo modal e quando é denominado relativo temporal. Exemplos:
É estranho o modo como ele me trata.
É a hora quando o sol começa a deitar-se.

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